Curso Verminose

São Paulo

Doença da mastite em caprinos e ovinos

Enfermidade causa perdas econômicas tanto nos rebanhos produtores de leite como nos produtores de cordeiros para corte

Enfermidade causa perdas econômicas tanto nos rebanhos produtores de leite como nos produtores de cordeiros para corte

A mastite é a inflamação da glândula mamária que ocorre como resposta, na maioria das vezes, a uma infecção causada por microorganismos. A doença é uma importante causadora de perdas econômicas em caprinos e ovinos, tanto nos rebanhos produtores de leite como nos produtores de cordeiros para corte. Nos rebanhos leiteiros as fêmeas acometidas tem seu produto condenado pela contaminação do leite. Já nos rebanhos de corte a mastite pode ser responsável pela morte de cordeiros por inanição, descarte precoce das fêmeas e, ocasionalmente, morte. Como consequências disso, descreve-se também que a mesma pode ter efeitos sobre o ganho de peso e a sobrevivência dos cordeiros e cabritos também em raças de carne, aumentando o interesse pelo problema.

Alterações físicas, químicas e bacteriológicas, além das mudanças nos aspectos da glândula mamaria, determinam a presença da mastite. Nas ovelhas a doença é causada, principalmente pelo Staphylococcus aureus e pela Pasteurella haemolytica; já as cabras são mais afetadas pelo Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus e Mycoplasma sp., além dos agentes ambientais como os coliformes.

A mastite pode ser classificada em sub-clínica, aguda e crônica:

Na apresentação sub-clínica o leite tem aspecto normal e não há sintoma visível de inflamação do úbere, caracterizando-se por diminuição da produção leiteira e por aumento do número de células somáticas no leite. A mastite aguda os sinais clínicos incluem edema (inchaço) e dor nos quartos mamários, febre, inapetência, desidratação, depressão e decúbito, podendo ocorrer inclusive à morte da ovelha. Uma das principais características da mastite clínica é o leite visivelmente anormal, com presença de grumos, coágulos ou pus. Caracteriza-se por aumento de volume (inchaço=edema) e sensibilidade (dor) da glândula mamária, sendo que a inflamação geralmente é unilateral. Inicialmente, a pele do úbere apresenta-se avermelhada.

Se houver progressão para a forma gangrenosa, que é comum em ovelhas, a pele torna-se azulada ou escura (negra), devido à necrose. A apresentação superaguda ou gangrenosa ocorre, normalmente, no pós-parto recente. A glândula apresenta-se aumentada de volume (4 a 5 vezes). O edema acentuado muitas vezes se estende pela barriga (abdome) até os membros anteriores, febre (40-42 ° C), o curso da doença é rápido, pode ocorrer morte da ovelha em um período desde 4-5 horas ou em 48-72 horas, ou ainda, após um período clínico de até cinco dias.

Já na mastite crônica observa-se nódulos e abscessos no parênquima mamário e úberes aumentados e endurecidos (fibrose). A mastite crônica é geralmente consequência de mastite aguda ocorrida durante a lactação, mas que não foi detectada.

No diagnóstico, a diferenciação entre as formas aguda e crônica é realizada considerando-se os sinais clínicos, observando-se um aumento de volume da glândula mamária. A definição do agente etiológico (causal) pode ser realizada pelo cultivo bacteriológico do leite. Pode-se, ainda, realizar o antibiograma para determinar o antibiótico de eleição para o tratamento. A amostra de leite para cultivo deve ser colhida assepticamente, em frascos esterilizados, após prévia higiene e desinfecção do óstio do teto com álcool a 70%.

Em casos de mastite subclínica o diagnóstico baseia-se em métodos auxiliares, considerando-se o conteúdo de células somáticas no leite. Os métodos indiretos mais utilizados são: California Mastitis Test (CMT).

O diagnóstico diferencial deve considerar a presença de Maedi-Visna em uma população, pois este também pode levar ao aparecimento de úberes endurecidos. O Maedi-Visna é causado por um Lentivírus, já foi abordado por essa coluna.

O tratamento das mastites é realizado normalmente a base de antibióticos de amplo espectro ou sulfonamidas, imediatamente após a observação dos sinais clínicos.

A prevenção da mastite é uma excelente forma de evitar a ocorrência da doença. Quando a finalidade da exploração é a produção de leite, devem ser realizadas medidas de higiene no pré ordenha como o uso do pré-dipping e pós-dipping. Em rebanhos de corte, quando o cordeiro mama na ovelha durante 60 a 120 dias, o controle é dificultado pela possibilidade da transmissão de agentes patogênicos pela boca do cordeiro. Assim, devem-se evitar lesões traumáticas no úbere e/ou tetos das ovelhas, para não predispor à contaminação por patógeno presente na boca do cordeiro, bem como no ambiente.

Devem-se examinar as ovelhas antes do encarneiramento, eliminando aquelas que apresentam lesões no úbere. A palpação rotineira dos úberes e descarte de ovelhas com evidência de alterações cicatriciais ou fibróticas do úbere, permitem remover ovelhas menos produtivas e reduz o reservatório do rebanho, ou seja, possível fonte de infecção.

A mastite é uma doença importante que pode causar grandes perdas econômicas, no caso de surtos ou rebanhos com alto índice de incidência da enfermidade um médico veterinário deve ser consultado, para estabelecer o tratamento e o melhor manejo preventivo da doença.

Notícia adaptada pela Equipe Capril Virtual com informações AgroValor (23/05/2014)

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